O Brasil conquistou uma medalha de prata e três de bronze no primeiro dia de disputas do Grand Slam de Judô do Rio, neste sábado (4), no Maracanãzinho.
Dono de duas medalhas de bronze olímpicas, Leandro Guilheiro viu o título do peso leve (-73kg) escapar ao ser imobilizado pelo belga Dirk Van Tichelt, quinto colocado na Olimpíada de Pequim-2008. Na caminhada até a final, Guilheiro eliminou o israelense Iosef Palelashvili, o americano Andrew Porras, o francês Gilles Bonhomme e o russo Mansur Iasev, por wazari no golden score. Sob a voz de comando da técnica Rosicléia Campos, Sarah Menezes, Erika Miranda e Rafaela Silva também mostraram a força da renovada equipe feminina ao chegaram às semifinais.
- A medalha não foi da cor que eu queria, mas foi importante para eu conseguir a da cor que eu quero da próxima vez. Tenho facilidade de lutar em pé, mas o belga foi melhor no chão e teve mérito de vencer. A derrota dói, é complicado, mas tenho que comemorar esta vitória ainda mais depois das cirurgias que tive que fazer (joelho, ombro e lombar) - disse.
Campeã mundial júnior em 2008, Sarah Menezes não conseguiu passar pela japonesa Emi Yamagishi, que venceu o combate por wazari, mas melhorou a quinta colocação obtida no Grand Slam de Paris. A jovem Rafaela Silva, de apenas 17 anos, também teve a sua trajetória freada. A pupila do medalhista olímpico Flávio Canto, descoberta no Instituto Reação, na Rocinha, também tropeçou numa japonesa: Nae Udaka derrotou por ippon a campeã mundial júnior.
- Essa medalha vai ser especial porque sou nova na categoria. Entre este ano, não conhecia as adversárias, mas nem por isso abaixei a cabeça. Lutei e trouxe a medalha para o Brasil. É muito bom poder comemorar um momento como esse porque consigo pontos para o ranking mundial e minha família está aqui. O Flávio Canto me ajudou muito. Ele falava que a gente podia estar aqui competindo e eu não acreditava. Hoje consegui a medalha de bronze - Rafaela
Erika Miranda foi outra que não conseguiu avançar à final, mas a medalha de bronze teve saber de ouro. Eliminada pela francesa Audrey La Rizza por ippon (dois wazari) na categoria meio-leve (-52kg), a judoca da Seleção retorna às competições depois de se recuperar de uma cirurgia no joelho. Erika foi cortada da delegação olímpica que disputou os Jogos de Pequim-2008 devido a uma lesão no joelho direito.
- Esse bronze é quase um ouro para mim porque estou vindo de cirurgia e de um jejum de vitórias. Não fui bem nas competições na Europa. É complicado recuperar confiança. Acho que faltou um pouco de ritmo competição e concentração. Mas a torcida me deu grande força. É muito bom ver que as mulheres desde o ano passado estão mostrando a cara do judô feminino e construindo sua identidade - disse.
Favoritos a um lugar no pódio, o bicampeão mundial João Derly e a medalhista olímpica Ketleyn Quadros não conseguiram passar da fase de classificação. Apesar da estreia com uma vitória por ippon sobre o austríaco Andreas Mitterfellner, Derly foi surpreendido pelo russo Alim Gadanov, terceiro colocado no Europeu deste ano, que não se deixou influenciar nem pela torcida nem pelo currículo do oponente. Triunfo por ippon.
- Não consegui melhorar a pegada ao longo da luta. Eu perdi nisso. Ele foi mais esperto do que eu. Além de ele ter tido uma estratégia de luta melhor do que a minha, o quimono dele era muito curto e isso dificultou a pegada. Agora é voltar para o hotel - lamentou João Derly.
Ketleyn também não escondia o descontentamento. Há quase um ano, ela comemorava um feito inédito em Pequim: conquistou o bronze e entrou para a história dos Jogos Olímpicos como a primeira brasileira a ganhar uma medalha individual. Neste sábado, apesar da torcida da mãe, que distribuiu apitos pela arquibancada, a judoca não conseguiu passar pela austríaca Sabrina Filzmoser, sendo eliminada logo no primeiro combate do peso leve (-57kg) por wazari.
- Aqui as lutas vão ser definidas no detalhe. Antes eu era novidade, agora as adversárias já estão me estudando. Mas eu tenho que persistir e treinar mais. Ainda não consegui um bom resultado depois da Olimpíada de Pequim, mas não fico ansiosa por isso. Estou tranquila porque fiz o meu máximo. Agora é ver onde errei e trabalhar mais - disse a judoca.
Neste domingo, será a vez do campeão mundial e medalhista olímpico Tiago Camilo entrar em ação. Flávio Canto, dono de um bronze conquistado nos Jogos de Atenas-2004 e João Gabriel Schillitler, bronze no Mundial do Rio em 2007, também buscarão um lugar no pódio.
O Grand Slam do Rio de Janeiro tem o patrocínio do Governo do Estado do Rio de Janeiro. O judô brasileiro tem o patrocínio da Infraero, com a Mizuno como fornecedora oficial e a Scania como parceira.